Teatro
Épico/Influência Brechtiana
Bertold Brecht (1898-1966) – dramaturgo, encenador e poeta alemão.
Recusa o teatro dramático aristotélico, fundado na ilusão e identificação, e
defende, desde 1926, o teatro épico e os seus princípios de distanciação
(Verfremdunseffekt).
O
teatro assume uma função didática, em que o espectador funciona como um
observador crítico de um mundo em permanente devir. A observação é feita
através de um desprendimento crítico, sendo a peça de teatro vista numa
perspectiva científica e não como uma imitação do real.
O
teatro é encarado como uma forma de análise das transformações sociais que
ocorrem ao longo dos tempos e, simultaneamente, como um elemento de construção
da sociedade, uma vez que o espectador é levado a refletir e a agir sobre essas
questões sociais que, objectivamente, são retratadas. Sendo assim, as
personagens estabelecem uma relação com o meio social representando aquilo
sobre o qual se deve intervir.
Um teatro de forma dramática (influência clássica
– aristotélica)
|
Um teatro de forma épica (influência moderna –
Bertold Brecht)
|
Ativo
|
Narrativo
|
Faz participar o espectador numa ação cénica;
consome-lhe a atividade, faculta-lhe sentimentos
|
Torna o espectador uma testemunha, mas
desperta-lhe a atividade; exige-lhe decisões
|
Vivência
|
Mundividência
|
O espectador é imiscuído em qualquer coisa
|
O espectador é posto perante qualquer coisa
|
Sugestão
|
Argumento
|
O espectador está ao centro, comparticipa
|
O espectador está defronte, analisa
|
Parte-se do princípio de que o homem é algo já
conhecido, de que é imutável
|
O homem é objecto de uma análise; é susceptível
de ser modificado e de modificar
|
Tensão em virtude do desenlace
|
Tensão em virtude do decurso da ação
|
Uma cena em função da outra
|
Cada cena em si e por si
|
Progressão
|
Construção articulada
|
Acontecer rectilíneo
|
Acontecer curvilíneo
|
Obrigatoriedade de uma evolução
|
Saltos
|
O pensamento determina o ser
|
O ser social determina o pensamento
|
Sentimento
|
Razão
|
Desperta emoções / leva o espectador a
identificar-se com o herói
|
Leva o espectador a pensar, a refletir sobre
acontecimentos e a tomar posição na sociedade em que se insere
|
Prejudica a visão crítica do público tornando-o
incapaz de uma análise objectiva da ação
|
Defende-se a “distanciação”
|
Desencadeia pela catárse (a purificação) a
tranquilidade do espectador
|
Agita a consciência do público, obrigando-o a
tomar resoluções e a agir
|
Respeita a unidade de ação
|
Desenvolve-se em episódios separados,
contrastantes que se justapõem e ressaltam a complexidade da condição humana
determinada
|
O teatro épico tem uma ação didática, por isso, o
verdadeiro propósito do teatro épico era, mais do que moralizar, analisar, pelo
que, o efeito de distanciação era provocado não só através dos atores, mas
também da música (coros, canções) e da decoração (legendas, filmes, etc.).
Sem comentários:
Enviar um comentário