Ilha do Amores
A
Ilha dos Amores simboliza o reconhecimento de Deus pelos feitos do povo português através de uma recompensa –
a celebração de uma casamento cósmico entre as ninfas e os portugueses, através
do qual Camões os eleva a um estatuto de divindades, é como se se dissesse que
quem pratica feitos de tal magnitude merece a imortalidade própria da condição
divina «Por feitos imortais e soberanos/O mundo cos varões que esforço e
arte/Divinos os fizeram, sendo humanos». Deste modo, a viagem, mais do que a exploração
dos mares, exprime a passagem do desconhecido para o conhecimento, não só a
nível físico, mas também a nível espiritual/interior. Como diz Jorge de Sena
estamos perante «a recolocação do Amor, do verdadeiro Amor, como centro da
Harmonia do Mundo. A Ilha é uma catarse total, não apenas de todos os
recalcamentos, mas das misérias da própria História, e das misérias da vida no
tempo de Camões e fora dele (...) Ao desmistificar os deuses, Camões faz-nos
assumir a fantasia como fantasia, dando aos homens a dignidade máxima de terem
sido humanos, do mesmo modo que aponta aos homens a maneira de se
divinizarem».
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