Felizmente há Luar! de Luís de Sttau Monteiro – Contextualização
Panorama do tempo da história (1817):
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1799 – Napoleão assume o poder;
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A Europa atravessa um período conturbado;
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A situação política em Portugal reflete as decisões estrangeiras;
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1805 – o governo português é intimado por Napoleão para declarar guerra a
Inglaterra,
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Portugal fecha as portas à mercadoria inglesa, mas não hostiliza os ingleses
residentes;
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1807 – Portugal é forçado a aderir ao bloqueio continental – sequestra bens
ingleses, mas permite a livre circulação de produtos;
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Junot vem para Portugal. O príncipe regente D. João, a conselho do governo
português, refugia-se no Brasil;
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1808 – batalhas de Roliça e Vimeiro – as tropas francesas são derrotadas por
Wellesley;
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1809 – Soult invade Portugal, mas Wellesley e Beresford vencem as batalhas
(Massena é o último representante napoleónico a tentar conquistar Portugal);
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1810 – as tropas invasoras são derrotadas nas batalhas do Buçaco das Linhas de
Torres;
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Corte ausente no Brasil – administração do
reino é confiada a D. José António de Meneses e Sousa Coutinho, D. Miguel
Pereira Forjaz e William Carr Beresford;
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Portugal era palco de descontentamento, não só
pelo facto da Corte estar ausente, mas também pelas dificuldades acrescidas
advindas da guerra – o povo sente-se abandonado;
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Passividade e clima de suspeição propiciaram
as ideias de conjura e a procura de um líder – Gomes Freire é escolhido como
elemento sacrificial;
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Falsamente acusado de conspiração é preso e condenado à morte «a bem do Reino e
do Estado»;
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A sua acusação sem provas de culpabilidade fomentou o advento do Liberalismo
que se iniciará em 24 de Agosto de 1920 no Porto com o levantamento popular
liderado por Manuel Fernandes Tomás.
Panorama do tempo da escrita (1961):
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1926 –
General Gomes da Costa toma o poder na sequência de um golpe de Estado e cria
um novo sistema político – Estado Corporativo (não há individualidade, sinónimo
de desestabilização e de caos);
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25.dezembro.1928 – presidente da República,
Óscar Carmona, convida para Ministro das Finanças António de Oliveira Salazar,
que ascende a Presidente do Conselho de Ministros em 1932 (cargo que desempenha
até Setembro de 1968);
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1ºato governativo de Salazar – projeto da
Nova Constituição Política da Nação aprovada em Março de 1933 e que se mantém
em vigor até 1974;
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40 anos de domínio de Salazar:
- Estado enraizadamente rural, moral e
paternal;
- «Disciplinar o povo através do silêncio e
da invisibilidade» - melhor forma de governar;
- Sistema político baseado no medo,
ostracismo, suspeição e denúncia;
- «Quem não é por mim, é contra mim»;
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1933 criação da PVDE (Polícia de Vigilância e
de Defesa de Estado); 1954 criação da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do
Estado); 1969 criação da DGS (Direcção Geral de Segurança) = atribuições –
interrogar, prender, torturar, exilar, censurar e assassinar todos os elementos
perturbadores da «paz e da ordem estabelecidas»;
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Ao totalitarismo da monarquia sucedeu
totalitarismo do Estado e à Inquisição sucedeu a PIDE;
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1958 –
Humberto Delgado, o «general sem medo», candidata-se à presidência da república
contra o candidato institucional, o almirante Américo Tomás;
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Américo Tomás é declarado vencedor com maioria
absoluta, no entanto, esta acontece através de fraude e manipulação do ato de
voto;
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1965 – Humberto Delgado é assassinado por uma
brigada da PIDE.
Felizmente há Luar!
Denuncia o totalitarismo e a violência do
Estado
estabelecendo um paralelismo histórico com o
período que antecede o Liberalismo, assim:
1817
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Hipocrisia
da sociedade;
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Povo
oprimido e resignado;
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Clima
de suspeição e denúncia;
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Luta
contra o regime absolutista;
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Passividade
e obscurantismo.
1961
-
Denúncia
da hipocrisia social;
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Povo
oprimido e explorado;
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Clima
de medo e denúncia;
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Luta
contra o regime ditatorial e totalitário;
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Ignorância
e revolta.
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