Estrutura Interna
Significado da estrutura tripartida da obra Mensagem
Nos dois primeiros poemas de
«Brasão» encontramos a referência simbólica à fundação de uma determinada
identidade.
Na segunda parte de «Brasão»
destacam-se: Ulisses, o fundador mítico de Lisboa; Viriato, o fundador da
Lusitânia; o conde D.Henrique, que deu origem ao Condado Portucalense;
D.Tareja, que inicia a dinastia de Borgonha; D.Afonso Henriques, o primeiro rei
português, o fundador de um reino e aquele que deu origem a uma dinastia;
D.Dinis, o fundador de uma cultura; D.João I, que originou a dinastia de Avis;
D.Filipa de Lencastre, igualmente fundadora da dinastia de Avis.
Na terceira parte de «Brasão»,
“As Quinas”, encontramos personagens históricas que apresentaram um destino
comum: a luta pela nação e a condição de mártires. O seu martírio associa-se ao
sofrimento de Cristo, porque lutaram em seu nome, pelo que as cinco quinas
apontam para as cinco chagas de Cristo.
No quarto bloco encontramos o
poder aliado não a um rei, mas a uma figura histórica (Nuno Álvares Pereira)
que, pela sua ação, se tornou o símbolo da nacionalidade.
No quinto e último bloco «O
Timbre» verificamos que o grifo representa o faseamento da ação dos
Descobrimentos: a cabeça do grifo é o Infante D.Henrique, que sonha a vontade
divina; a asa do grifo é D.João II, que leva à prática o sonho de D.Henrique,
através das disposições que, para tal, profere; a outra asa de grifo, Afonso de
Albuquerque, o paradigma da ação prática, aquele que realiza aquilo que
D.Henrique sonhou e que D.João II permitiu.
Na segunda parte, «Mar
Português», encontramos um espaço e figuras relacionadas com os Descobrimentos
portugueses e o seu caráter heróico. As referências simbólicas apontam para a
conquista não só de um império, mas também de um outro Conhecimento e de uma
progressão na escala ontológica. É a grandeza do sonho convertido em ação que
o poeta clama, unificando o ato humano e o Destino traçado por Deus.
Na terceira parte, «O
Encoberto», encontramos a constatação de um tempo e de um espaço perdidos,
envoltos nas brumas da memória, e o sofrimento do “eu” poético por ver dormir o
seu povo, perdidos a sua identidade e os seus referentes. Aqui é explicitado o significado
do Quinto Império, deixando antever esse tempo de prosperidade espiritual, numa
estrutura tripartida: “Os Símbolos”, que corresponde à própria linguagem da
existência; “Os Avisos”, em que são referidas profecias; “Os Tempos”, que se
inicia com o poema “Noite” e termina com “Nevoeiro”, depois do poema
“Antemanhã”, ou seja à noite sucede a manhã, ao caos segue-se a ordem, ao nada
sucede a Obra.
D.Sebastião representa para o
povo português a sua hipótese de salvação e de regeneração (não se trata do seu
regresso físico, mas sim que a partir do mito se transforme a realidade).
Pessoa associava D.Sebastião, enquanto Messias redentor, a Cristo, pela sua
feição salvífica, pela sua dádiva e criação de um império baseado no amor.
Pessoa acreditava no destino
messiânico de Portugal e acreditava que o saudosismo que impregnava o coração
dos portugueses poderia ser a motivação para a tentativa de restabelecimento de
uma imagem que morrera com o passado.
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