A ideia de
alquimia existe desde a Idade Média em que era vista como uma química hermética
que procurava principalmente descobrir a pedra filosofal, que transmutaria os
metais não nobres em ouro, e a panaceia universal, que curaria todas as
doenças. Adquiriu, assim, o sentido de transformação, transmutação e magia.
Há três tipos
de Alquimia: externa (dos metais), portanto física; interna (do homem),
portanto espiritual; ars magna, simultaneamente transmutação da matéria
e metamorfose da alma.
Esta operação simbólica era realizada
através da virtude espiritual, assim, segundo os textos védicos, o ouro
simbolizava a imortalidade, e é para isso que tende a única transmutação real:
a da individualidade humana. Trata-se de atingir o centro do mundo e os estados
supra-humanos.
De outro ponto
de vista, a alquimia simboliza a própria evolução do homem de um estado onde
predomina a matéria para um estado espiritual: transformar em ouro os metais é
equivalente a transformar o homem em puro espírito.
N’Os
Lusíadas o caminho mágico, místico e alquímico conduzem à transmutação do
ser, já que os portugueses passam de um plano terreno para um estatuto de
divindade, atente-se no episódio da "Ilha dos Amores" em que os deuses reconhecem
os feitos dos portugueses, permitindo-lhes uma união, casamento cósmico, com as
ninfas. Também o episódio do "Adamastor", que possibilita a passagem do Oceano
Atlântico para o Índico, simboliza a aquisição de conhecimento exterior e
interior, é a superação das capacidades humanas, é a deificação dos homens.
Os portugueses
vencem os quatro elementos da natureza: água – mar; fogo – armas de fogo e
tempestades; terra – terras conquistadas e ar – ventos das tempestades,
atingindo o quinto elemento, o éter, que lhes dá a eternidade. No fundo, estamos
perante a transmutação alquímica através do reconhecimento divino relativamente
à vitória sobre os quatro elementos da natureza.
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