Os poemas na Mensagem agrupam-se em blocos restritos a
que correspondem os números: 2, 7, 5, 1, 3 e 12.
Número 1 – simboliza o Ser, a
revelação, a ideia harmónica entre o consciente e o inconsciente, realizando a
união dos contrários, pelo que se liga à Perfeição. Os pólos opostos unem-se
numa totalidade que os concilia e da qual resulta uma energia que dá ao humano
a comunhão com o transcendente. - “Nuno Álvares Pereira”, o único poema que
Pessoa inseriu sob o título “A Coroa”, representa, assim, a unidade, o centro
onde coexistem as forças antitéticas, de uma forma harmónica, o que lhe
confere, pela realização da união dos contrários, uma dimensão sobre-humana.
Número 2 – símbolo da divisão,
pressupõe a dualidade, seja ela de expressão de contrários ou de
complementaridade. Resume o paradoxo da existência: a vida e a morte. - Nesta
obra prende-se com os princípios antagónicos passivo e ativo. Os dois poemas
que se inserem em “Os Campos”, “O dos Castelos” e “O das Quinas” apontam neste
sentido. No primeiro, Portugal aparece como um campo pronto a ser fecundado, e
no segundo, Cristo, símbolo de sofrimento e de tormenta, é o exemplo das
provações a passar, para se chegar ao princípio ativo.
Número 3 – união entre Deus, o
Universo e o Homem, representando, assim, a totalidade. Associa-se a Cristo,
cuja figura concentra três vertentes: a de rei, a de padre e a de profeta. -
Nesta obra corresponde ao conjunto de poemas intitulado «Timbre»: “A Cabeça do
Grifo/O Infante D. Henrique”; “Uma Asa do Grifo/D. João II” e “A Outra Asa do
Grifo/Afonso de Albuquerque” – estas personagens cumprem o arquétipo do rei e
do padre, pelo seu poder e pela sua espiritualidade. Ao conjunto de poemas
intitulado «Os Avisos»: “O Bandarra”, “António Vieira” e “Terceiro”, que
cumprem a função profética do anúncio do Quinto Império (em “Terceiro” fala o
próprio poeta). Estas personagens aliam, assim como Cristo, as vertentes humana
e divina. O número 3 sugere ainda as fases da existência: nascimento,
crescimento e morte, o que se liga ao ciclo da vida representado nas três partes
em que se divide a obra: Brasão (primeira parte) conotado com o nascimento da
Nação, Mar Português (segunda parte) que evidencia o seu crescimento e o seu
momento áureo histórico e O Encoberto (terceira parte) que preconiza a morte, à
qual se seguirá o Renascimento.
Número
5 – Ordem, Equilíbrio e
Harmonia. Significa também a Perfeição. - Aparece em três conjuntos de poemas:
«As Quinas», «Os Símbolos» e «Os Tempos». «As Quinas» simbolizam as cinco
chagas de Cristo, ou seja, o seu sofrimento para a salvação da Humanidade,
sendo, assim, engrandecidas, pelo seu conteúdo mítico, as figuras de D.Duarte,
D.Pedro, D.João e D.Sebastião. «Os Símbolos» incluem cinco poemas em que os
valores simbólicos unificantes, nesta obra, assumem maior relevo. «Os Tempos»
anuncia o “terminus” de um tempo e incita ao início de outro, que instaurará a
Ordem, a partir do Caos, que é o momento presente. Esse outro tempo será um
tempo de harmonia, em que o Homem conhecerá a sua dimensão divina., num reino
espiritual.
Número
7 – período temporal
unificante, a semana que tem sete dias. Totalidade de energias, após a
completude de um ciclo. - «Os Castelos» são compostos por sete poemas, cujos
títulos são de personagens históricas (à exceção de Ulisses, figura lendária,
fundador de Lisboa). Renovação de um ciclo que se inicia com os filhos de
D.Filipa de Lencastre e termina com D.Sebastião (na Maçonaria os estádios
espirituais pelos quais o neófito tem que passar são sete). Número mágico,
associado ao Poder e ao ato da Criação. O sétimo dia, em que Deus descansou,
após ter criado o mundo, aponta para a relação estreita entre Deus e o Homem.
Esta indissociação entre o humano e o divino é explicitada pelos nomes que
constituem o conjunto de poemas intitulado «As Quinas», conferindo-lhe uma sequência
simbólica.
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