segunda-feira, 16 de abril de 2012

Nostalgia de um bem perdido/desagregação do tempo - citações


Nostalgia de um bem perdido/Desagregação do tempo

«A infância é a inconsciência, o sonho, a felicidade longínqua, uma idade perdida e remota que possivelmente nunca existiu a não ser como reminiscência»
Isabel Pascoal, Poemas de Fernando Pessoa
 
«A infância é a possibilidade do bem, da unidade, da inconsciência, da verdade e da posse. Nela cessam as dialécticas impossíveis, a crueza do real presente, as buscas sem saída, os medos, os mistérios. (…) Nessa infância tudo é longe, impreciso, sem carga real, como convém às construções do sonho e aspiração da fuga. (…) Ela é, a um tempo, começo e fim, passado e futuro. Lembra-se como felicidade possuída e deseja-se como reconstrução a haver. (…)
«…infância é sempre sinónimo de inconsciência, segurança, pureza, felicidade.»
Alfredo Antunes, Saudade e Profetismo em Fernando Pessoa
«Com que ânsia tão raiva/Quero aquele outrora!/E eu era feliz? Não sei:/Fui-o outrora agora»
«E toda aquela infância/Que não tive me vem,/Numa onda de alegria/Que não foi de ninguém.»
«Se quem fui é enigma,/E quem serei visão/ Quem sou ao menos sinta/Isto no meu coração»
Fernando Pessoa
«Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já não o tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada. Não tenho esperanças nem saudades. (…) Nem tenho nada no meu passado que relembre com o desejo inútil de o repetir. Nunca fui senão um vestígio e um simulacro de mim. O meu passado é tudo quanto não consegui ser.»
Bernardo Soares, Livro do Desassossego

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