sexta-feira, 6 de abril de 2012

Paralelismo estrutural em Felizmente há Luar!


Estrutura paralela do início dos dois atos


            Embora nunca apareça em cena, o General Gomes Freire de Andrade está sempre presente e é ele que confere unidade à peça.
            Após uma leitura atenta da obra é fácil perceber que existe uma paralelismo estrutural entre os dois atos da mesma, uma vez que o segundo ato funciona como a consequência do que ocorre no primeiro ato. Assim:

I Ato
II Ato
Manuel interroga-se sobre o que fazer para alterar a sua situação e da sua classe social.
O povo lamenta a sua miséria.
A chegada dos polícias faz dispersar os populares. Os polícias procuram Vicente para que este traia a sua classe e se transforme num «bufo».
A polícia proíbe os ajuntamentos.
Os diálogos entre os governadores, Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento funcionam como um plano de preparação para a condenação do General Gomes Freire.
Os diálogos entre os governadores e Matilde significam a efetivação das intenções dos representantes dos poder – destruir o General Gomes Freire.
Prisão de populares que conspiravam contra o governo e apelo de «morte ao traidor Gomes Freire» feito por D. Miguel Forjaz.
Morte do General e grito de esperança de Matilde.


            O autor pretende mostrar por um lado o imobilismo da sociedade portuguesa, por outro a impotência de alguns elementos mais conscientes do povo para alterar qualquer situação, por muito desagrado que esta lhe cause. O imobilismo é evidenciado por tudo se encontrar exatamente na mesma, antes e depois da prisão do General, antes e depois de abortada uma conspiração que poderia ter modificado o país. A impotência é evidente nas palavras de Manuel – foram-se os franceses, vieram os ingleses, se os ingleses se forem ficam os regentes portugueses «entre os três venha o diabo que escolha» (Ato I). Entretanto (Ato II), houve uma esperança dada pela conspiração. Morta a esperança ficaram piores do que estavam. Se Gomes Freire, com todo o seu prestígio militar e político, nada pôde fazer contra o Poder, o que poderá um simples popular?  

1 comentário:

  1. Embora nunca apareça em cena, o General Gomes Freire de Andrade está sempre presente e é ele que confere unidade à peça.
    Após uma leitura atenta da obra é fácil perceber que existe uma paralelismo estrutural entre os dois atos da mesma, uma vez que o segundo ato funciona como a consequência do que ocorre no primeiro ato. Assim:

    I Ato
    II Ato
    Manuel interroga-se sobre o que fazer para alterar a sua situação e da sua classe social.
    O povo lamenta a sua miséria.
    A chegada dos polícias faz dispersar os populares. Os polícias procuram Vicente para que este traia a sua classe e se transforme num «bufo».
    A polícia proíbe os ajuntamentos.
    Os diálogos entre os governadores, Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento funcionam como um plano de preparação para a condenação do General Gomes Freire.
    Os diálogos entre os governadores e Matilde significam a efetivação das intenções dos representantes dos poder – destruir o General Gomes Freire.
    Prisão de populares que conspiravam contra o governo e apelo de «morte ao traidor Gomes Freire» feito por D. Miguel Forjaz.
    Morte do General e grito de esperança de Matilde.

    O autor pretende mostrar por um lado o imobilismo da sociedade portuguesa, por outro a impotência de alguns elementos mais conscientes do povo para alterar qualquer situação, por muito desagrado que esta lhe cause. O imobilismo é evidenciado por tudo se encontrar exatamente na mesma, antes e depois da prisão do General, antes e depois de abortada uma conspiração que poderia ter modificado o país. A impotência é evidente nas palavras de Manuel – foram-se os franceses, vieram os ingleses, se os ingleses se forem ficam os regentes portugueses «entre os três venha o diabo que escolha» (Ato I). Entretanto (Ato II), houve uma esperança dada pela conspiração. Morta a esperança ficaram piores do que estavam. Se Gomes Freire, com todo o seu prestígio militar e político, nada pôde fazer contra o Poder, o que poderá um simples popular?

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