quarta-feira, 29 de abril de 2015

A propósito de Felizmente há luar! - Bertold Brecht

Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.
Bertold Brecht

O que não sabe é um ignorante, mas o que sabe e não diz nada é um criminoso.
Bertold Brecht

INTERTEXTO
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão-me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Bertold Brecht


segunda-feira, 27 de abril de 2015

Correção do TPC, p.245 - Felizmente há luar!

1. As didascálias fornecem sempre informações essenciais para a compreensão do texto dramático. A primeira indicação cénica apresenta informações que contribuem para conferir a Manuel uma importância mais destacada de entre os populares. A Manuel, caracterizado pelo autor como “o mais consciente”, cabe iniciar a peça como “única personagem intensamente iluminada, ao centro e à frente do palco” com as suas reflexões, que são a voz do grupo social em que se insere. O código luminoso utilizado adquire extrema importância, já que destaca, completamente, esta personagem, sendo todo o palco o reflexo da escuridão ou abismo em que a personagem se encontra e que a “engole”. Por fim, informa-nos que Manuel está “andrajosamente” vestido, caracterizando-o física e socialmente, inserindo-o no povo miserável.