quarta-feira, 13 de maio de 2015

Análise de excerto do capítulo XXIII - Memorial do Convento

Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto Editora – p. 317

  1. O excerto corresponde aos momentos finais da ação de Memorial do Convento. No dia da sagração do convento de Mafra, Blimunda, que fora com os cunhados ver as celebrações, decide partir à procura de Baltasar. Através do processo narrativo do sumário, o narra- dor relata, em poucas linhas, o percurso de Sete-Luas até encontrar Baltasar num auto de fé, nove anos depois de iniciadas as suas buscas.

2.     Partindo na sua jornada com a alma “negra” como a “noite”, com receios e saudades de Baltasar, Blimunda só considerará como “boa viagem” (l. 13) a que desencadeia para encontrar Baltasar “Se o encontrar” (l. 13).

3.      Blimunda sente uma força maior agindo sobre si sempre que tenta alimentar-se. O pressentimento de que deverá ficar em jejum acaba por confirmar-se quando depara com o auto de fé em que Baltasar é supliciado, pois necessitaria, finalmente, de olhá-lo por dentro e de recolher a sua vontade.


Análise de excerto do capítulo XVI - Memorial do Convento

Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto Editora – p. 314

  1. Ida de Scarlatti à quinta, viagem na passarola simultânea com as buscas do Santo Ofício em casa do padre Bartolomeu e com a caminhada de regresso de Domenico Scarlatti.

  1. Ao ver a passarola, em que não pôde seguir, o músico “acena com o chapéu, uma vez só” (l. 16), disfarça e finge não conhecer os que nela viajam para não denunciar a sua ligação ao projeto. Caso algo corra mal, não levantaria suspeitas sobre si próprio.

Análise de excertos do capítulo XIV - Memorial do Convento

Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto Editora – p. 312

1.1. Domenico Scarlatti dirige-se ao padre Bartolomeu, começando por falar das construções de D. João V para, logo em seguida, introduzir a temática que desperta o seu interesse e razão pela qual procura o clérigo: a construção de um engenho voador.

2. O narrador alude aos jogos estilísticos típicos da literatura da época barroca, em que o sentido das palavras era frequentemente ofuscado pelas construções cultistas e conceptistas.

3. O músico consegue levar o padre Bartolomeu a revelar-lhe a passarola ao colocar em causa a hipótese de ser possível voar, pois, segundo ele, “só a música é aérea” (ll. 21-22).

Análise de excerto do capítulo XIII - Memorial do Convento

Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto Editora – p. 308

  1. O padre Bartolomeu refere que, no processo de subida da passarola, “as vontades são, de tudo, o mais importante” (ll. 8-9), pois são elas que farão a máquina desligar-se da força magnética da Terra. Daí a necessidade de um grande número de vontades (duas mil).

2.     Todos os acontecimentos sociais mencionados são frequentados por multidões. Por isso, poderia parecer fácil a Blimunda neles recolher muitas vontades. Contudo, segundo Bartolomeu Lourenço, tal só acontece nas “procissões”, que constituem “ocasiões em que as almas e os corpos se debilitam” (ll. 11-12). As “touradas” e os “autos de fé”, pela força e pela violência nelas verificadas, tornam “mais fechadas as nuvens fecha- das que as vontades são” (ll. 14-15), evitando a sua captação.


Análise de excertos do capítulo XII - Memorial do Convento

Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto Editora – p. 306

1. O título do texto, extraído do excerto, anuncia a chegada de um dia particular e há muito desejado. Sucessivos adia- mentos fizeram com que a data da sagração das primeiras pedras do con- vento de Mafra fosse aguardada com expectativa e, daí, o uso do conector com valor conclusivo, indicando o final de um tempo de espera.

2. 17 de novembro de 1717 (ll. 45-46).

Análise de excertos do capítulo VII, VIII, XI - Memorial do Convento

Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto Editora – p. 302

1.1. A modificação do provérbio serve ao narrador para recordar a promessa de D. João V, exigível mesmo depois da morte do franciscano a quem a fizera. A transformação do adágio popular evidencia a sua dimensão moralizadora, destacando a necessidade de cumpri- mento de compromissos estabelecidos.

2. D. João V escolhe o Alto da Vela por lhe parecer um local fértil, rico em água e próximo do mar.

Análise de excerto do capítulo VI - Memorial do Convento

Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto Editora – p. 298

1. Baltasar interroga-se sobre a personalidade do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão por verificar que as suas relações sociais se estabelecem com membros reais, mas igualmente com conde- nados pelo Santo Ofício, como a mãe de Blimunda.

2. Face à revelação do padre Bartolomeu, Sete-Sóis mostra-se “duvidoso” (l. 29) e incrédulo, afirmando mesmo que “só os pássaros voam, e os anjos, e os homens quando sonham” (ll. 30-31) e não crendo “que alguém possa voar sem lhe terem nascido asas” (l. 44).

3. O padre Bartolomeu estranha a descrença de Baltasar nas suas experiências aerostáticas, uma vez que as mesmas tiveram larga repercussão (essencial- mente negativa) na capital. O seu desconhecimento só é justificável pela sua ausência da cidade nos anos anteriores, o que motiva a questão que lhe coloca.

4. Bartolomeu Lourenço de Gusmão é um homem socialmente bem integrado, que se relaciona na corte (“talvez eu possa dizer uma palavra a sua majestade, que me distingue com a sua estima e proteção”, ll. 5-6), mas igual- mente junto dos membros do povo (“conhecia a mãe de Blimunda, que foi condenada pela Inquisição”, l. 7). Mostra-se culto (ll. 17-25) e cientificamente dotado, conforme o comprovam as suas experiências de máquinas voadoras, primeiras versões do engenho com que sonha e que lhe permitirá voar.

5. O discurso direto, ao reproduzir as falas das personagens, contribui para introduzir o registo oral na narrativa, assim lhe conferindo um ritmo mais vivo e mais autêntico e dotando-a do efeito de real. Por outro lado, ao colocar na própria voz de Bartolomeu de Gusmão a apresentação dos seus “experimentos” (l. 39), imprime maior credibilidade aos factos.

6. O narrador do excerto é heterodiegético, contando os acontecimentos vivi- dos pelas personagens e servindo-se, nesse relato, da terceira pessoa (“Bartolomeu Lourenço não respondeu, apenas o olhou a direito, e assim ficaram para- dos, o padre um pouco mais baixo e parecendo mais novo, mas não, têm ambos a mesma idade”, ll. 9-12). Quanto à ciência, trata-se de um narrador omnisciente, que conhece o decurso dos acontecimentos, assim como o interior das personagens (“que padre é este padre, palavras estas últimas que Sete- -Sóis não terá dito em voz alta, só inquieto as pensou”, ll. 7-9).

7.a.3;b.4;c.5;d.1;e.2.



Análise de excerto do capítulo V - Memorial do Convento

Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto Editora – p. 294

1.1. A população vive euforicamente o acontecimento, ultrapassando a “alegria geral” (l. 4) do dia com um sentimento mais forte (“o gosto vem de mais fundo”, ll. 4-5). Sente-se “duas vezes em festa por ser domingo e haver auto de fé” (ll. 9-10) e o espetáculo é motivo para que as mulheres surjam à janela “vesti- das e toucadas a primor” (l. 12).

1.2. O narrador aproxima ironicamente os autos de fé às touradas para destacar a semelhança entre ambas as manifestações, marcadas pela violência de um ser vivo sobre outro. Comenta, inclusiva- mente, a natureza humana, ao referir que o gosto pelos “autos de fé” apenas imaginados continua para além da sua existência histórica (l. 11).

Análise de excerto do capítulo I - Memorial do Convento

Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto Editora – p. 289-290

1. É possível distinguir no texto quatro partes, correspondentes a cada um dos quatro parágrafos. A primeira parte consiste numa reflexão sobre a ausência de descendentes do casal real. A segunda parte constitui a descrição da construção da Basílica de S. Pedro de Roma, em miniatura, por D. João V. A terceira parte apresenta a preparação do rei para a visita ao quarto da esposa. A última parte consiste no anúncio da chegada de dois membros do clero.

2. O provérbio é usado para dar a entender o facto de o rei, embora jovem, já ter vários filhos bastardos, cujo número provavelmente aumentaria com o passar dos anos.

domingo, 10 de maio de 2015

O herói em Memorial do Convento

“... já que não podemos falar-lhes das vidas, por tantas serem, ao menos deixemos os nomes escritos, é essa a nossa obrigação, só para isso escrevemos, torná-los imortais, pois aí ficam, se de nós depende, Alcino, Brás, Cristóvão, Daniel, Egas, Firmino, Geraldo, Horácio, Isidro, Juvino, Luís, Marcolino, Nicanor, Onofre, Paulo, Quitério, Rufino, Sebastião, Tadeu, Ubaldo, Valério, Xavier, Zacarias, uma letra de cada um para ficarem todos representados...”
José Saramago, Memorial do Convento, 27.a ed., Lisboa, Caminho, 1998

Os trabalhadores da construção do Convento assumem o estatuto de heróis no romance Memorial do Convento.
Explique, fazendo apelo à sua experiência de leitura da obra, o modo como esses trabalhadores conquistam este estatuto, fundamentando a sua exposição em dois exemplos significativos. Escreva um texto de oitenta a cento e trinta palavras.
Exame 2012, 1ªfase

Proposta de resolução

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Pergunta B - Felizmente há luar!

“(...) a evocação das situações e personagens do passado é, aqui, também, o pretexto (ou a máscara imposta pela censura), para falar do presente, não porque a História se repita mas para dela tirar exemplo.”
Luís Francisco Rebello, in Dicionário da Literatura Portuguesa

Fazendo apelo à tua experiência de leitura da obra Felizmente há luar!, de Luís de Sttau Monteiro, comenta a afirmação transcrita, num texto bem estruturado, de oitenta a cento e trinta palavras.

Tópicos de resposta: 
-         Tempo da escrita – ditadura de Salazar – anulou a liberdade de expressão;
-         Necessidade de encontrar subterfúgios para fugir à censura;
-         A “máscara” utilizada por Luís de Sttau Monteiro consistiu em retratar o passado para espelhar o presente, levando à reflexão crítica com base no representado;
-         Paralelismo histórico-metafórico: presença de poderes ditatoriais; falta de liberdade; repressão; a esperança na liberdade, incorporada em dois generais assassinados (Gomes Freire de Andrade e Humberto Delgado); a ligação do poder à igreja; a justiça vendida ao poder;
-         Teatro épico – efeito de distanciação - século XIX com o pretexto, como metáfora do século XX.
-         Teatro épico como forma de denúncia e arma política;
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