quarta-feira, 13 de maio de 2015

Análise de excerto do capítulo VI - Memorial do Convento

Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto Editora – p. 298

1. Baltasar interroga-se sobre a personalidade do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão por verificar que as suas relações sociais se estabelecem com membros reais, mas igualmente com conde- nados pelo Santo Ofício, como a mãe de Blimunda.

2. Face à revelação do padre Bartolomeu, Sete-Sóis mostra-se “duvidoso” (l. 29) e incrédulo, afirmando mesmo que “só os pássaros voam, e os anjos, e os homens quando sonham” (ll. 30-31) e não crendo “que alguém possa voar sem lhe terem nascido asas” (l. 44).

3. O padre Bartolomeu estranha a descrença de Baltasar nas suas experiências aerostáticas, uma vez que as mesmas tiveram larga repercussão (essencial- mente negativa) na capital. O seu desconhecimento só é justificável pela sua ausência da cidade nos anos anteriores, o que motiva a questão que lhe coloca.

4. Bartolomeu Lourenço de Gusmão é um homem socialmente bem integrado, que se relaciona na corte (“talvez eu possa dizer uma palavra a sua majestade, que me distingue com a sua estima e proteção”, ll. 5-6), mas igual- mente junto dos membros do povo (“conhecia a mãe de Blimunda, que foi condenada pela Inquisição”, l. 7). Mostra-se culto (ll. 17-25) e cientificamente dotado, conforme o comprovam as suas experiências de máquinas voadoras, primeiras versões do engenho com que sonha e que lhe permitirá voar.

5. O discurso direto, ao reproduzir as falas das personagens, contribui para introduzir o registo oral na narrativa, assim lhe conferindo um ritmo mais vivo e mais autêntico e dotando-a do efeito de real. Por outro lado, ao colocar na própria voz de Bartolomeu de Gusmão a apresentação dos seus “experimentos” (l. 39), imprime maior credibilidade aos factos.

6. O narrador do excerto é heterodiegético, contando os acontecimentos vivi- dos pelas personagens e servindo-se, nesse relato, da terceira pessoa (“Bartolomeu Lourenço não respondeu, apenas o olhou a direito, e assim ficaram para- dos, o padre um pouco mais baixo e parecendo mais novo, mas não, têm ambos a mesma idade”, ll. 9-12). Quanto à ciência, trata-se de um narrador omnisciente, que conhece o decurso dos acontecimentos, assim como o interior das personagens (“que padre é este padre, palavras estas últimas que Sete- -Sóis não terá dito em voz alta, só inquieto as pensou”, ll. 7-9).

7.a.3;b.4;c.5;d.1;e.2.



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