segunda-feira, 16 de abril de 2012

Fragmentação do eu - citações


Fragmentação do eu

             «Passageiro, viageiro, peregrino através da sua própria alma – é a imagem de si que o poeta permanentemente nos transmite.
«A alma que quer fixar, que fora de si, à sua frente, se desdobra como uma +paisagem é, contudo móbil: apenas à sua passagem o poeta pode assistir. Apenas pode, afinal (como tantas vezes, por outras palavras, disse) viajar através de si próprio, vendo-se e ouvindo-se, como «canção de viagem», que se sente ser.
«É o poeta que viaja através da sua alma-múltipla ou, inversamente, é viajado por ela? Seja como for, tudo é viagem: paisagem e passagem.»
Teresa Rita Lopes, Pessoa por Conhecer
 
«Não sei quem sou, que alma tenho. Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros).»
                  «Sou múltiplo. Sou um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única realidade que não está em nenhuma e está em todas.» 
Fernando Pessoa, Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação
                  «Não sei quantas almas tenho./A da momento mudei./Continuamente me estranho.»
                  «Torno-me eles e não eu.»
                  «Sou a minha própria paisagem,/Assisto à minha própria passagem/Diverso, móbil e só.»
Fernando Pessoa
                  «Continuamente sinto que fui outro, que senti outro, que pensei outro. Aquilo a que assisto é um espectáculo com outro cenário. E aquilo a que assisto sou eu.»
                  «Meu Deus, meu Deus, a quem assisto? Quantos sou? Quem é eu? O que é este intervalo entre mim e mim?»
                  «Sou o intervalo entre o que sou e o que não sou, entre o que sonho e o que a vida fez de mim, a média abstracta e carnal entre coisas que não são nada, sendo eu nada também.»
Bernardo Soares, Livro do Desassossego

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