quinta-feira, 29 de março de 2012

As palavras por José Saramago


As palavras por José Saramago

As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam: são como carraças: vêm nos livros, nos jornais, nos slogans publicitários, nas legendas dos filmes, nas cartas e nos cartazes. As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras.

Portugal, Portugal - Jorge Palma

Mensagem e Os Lusíadas

O Homem do Leme - Xutos e Pontapés

Mensagem e Os Lusíadas


Citações importantes para a questão B de Exame - Felizmente Há Luar



Citações importantes


Felizmente há Luar de Luís de Sttau Monteiro

  • Frase caracterizadora de cada uma das personagens existente na página 13 da obra

  •  «Vê-se a gente livre dos Franceses, e zás! Cai nas mãos dos Ingleses. E agora? Se acabamos com os Ingleses ficamos na mão dos reis do Rossio…» p. 16 (permite contextualizar a obra)

  •   General «um amigo do povo» e «um homem às direitas». P. 20

  •   «Numa terra onde só cortam as árvores para que não façam sombra aos arbustos.» p. 85

  •   «Todos somos chamados, pelo menos uma vez, a desempenhar um papel que nos supera. É nesse momento que justificamos o resto da vida, perdida no desempenho de pequenos papéis indignos do que somos.» p. 89

  •   «Lisboa há-de cheirar toda a noite a carne assada.» p. 131

  •   «Sempre que pensarem em discutir as nossas ordens, lembrar-se-ão do cheiro.» p. 131

  •   «É verdade que a execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar…» p. 131

  •   «Há homens que obrigam todos os outros homens a reverem-se por dentro…» p. 137  

  • «Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que ela nos ensina.» p. 140

  • «Felizmente – felizmente há luar!» p. 140

quarta-feira, 28 de março de 2012

Teatro Épico/Influência Brechtiana


Teatro Épico/Influência Brechtiana
            Bertold Brecht (1898-1966) – dramaturgo, encenador e poeta alemão. Recusa o teatro dramático aristotélico, fundado na ilusão e identificação, e defende, desde 1926, o teatro épico e os seus princípios de distanciação (Verfremdunseffekt). 
            O teatro assume uma função didática, em que o espectador funciona como um observador crítico de um mundo em permanente devir. A observação é feita através de um desprendimento crítico, sendo a peça de teatro vista numa perspectiva científica e não como uma imitação do real.
            O teatro é encarado como uma forma de análise das transformações sociais que ocorrem ao longo dos tempos e, simultaneamente, como um elemento de construção da sociedade, uma vez que o espectador é levado a refletir e a agir sobre essas questões sociais que, objectivamente, são retratadas. Sendo assim, as personagens estabelecem uma relação com o meio social representando aquilo sobre o qual se deve intervir.

Paralelismo histórico

Felizmente Há Luar

Paralelismos
Contexto histórico da ação
Século XIX - 1817
Contexto histórico da obra
Século XX - 1961
Regime político
Monarquia absoluta
Ditadura de índole fascista

Conceito de sociedade ideal



















D.Miguel e o principal Sousa têm um conceito de sociedade “ideal” muito semelhante. Uma sociedade estratificada, onde cada um tenha a noção exata da sua condição e saiba manter o distanciamento devido. Uma sociedade em que os trabalhadores contribuam prazenteiramente com o seu esforço para a prosperidade do país, sempre numa atitude de resignação cristã. Uma sociedade sem opiniões políticas que aceite, sem contestação, o poder do Rei. Uma sociedade, enfim, que se mantenha passiva e alheia a novas ideologias, a novas maneiras de estar na vida e feliz na sua ignorância.
Para Salazar, chefe do governo durante cerca de 40 anos, a sociedade ideal era aquela em que cada cidadão vivesse feliz e tranquilamente integrado no seu pequeno mundo – família, paróquia, terra. Uma sociedade conservadora, em que os valores tradicionais fossem respeitados e tivesse como divisa “Deus, Pátria, Família”. Uma sociedade fechada sobre si mesma, alheia às perniciosas influências do estrangeiro, defensora de estabilidade e hostil à mudança, que confiasse, sem dúvidas ou contestações, nos seus governantes. Enfim, um país – aldeia, pobre, mas sereno.

Felizmente Há Luar! - contextualização


Felizmente há Luar! de Luís de Sttau Monteiro – Contextualização

Panorama do tempo da história (1817):
- 1799 – Napoleão assume o poder;
- A Europa atravessa um período conturbado;
- A situação política em Portugal reflete as decisões estrangeiras;
- 1805 – o governo português é intimado por Napoleão para declarar guerra a Inglaterra,
- Portugal fecha as portas à mercadoria inglesa, mas não hostiliza os ingleses residentes;
- 1807 – Portugal é forçado a aderir ao bloqueio continental – sequestra bens ingleses, mas permite a livre circulação de produtos;

"Morra o Dantas" - José de Almada Negreiros


Basta pum basta!!!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Dantas, morra! Pim!

O Futurismo


«Manifesto Futurista» - Filippo Marinetti

1.     – Nós queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da ousadia.
2.     – A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia.
3.     – A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, o passo de corrida, o salto mortal, a bofetada e o soco.
4.     – Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu com uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida, com o seu cofre enfeitado por grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um automóvel que ruge, que parece correr debaixo de fogo, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.
5.     – Queremos glorificar o homem que segura o volante, cujo eixo ideal atravessa a Terra, ele também lançado em corrida, no circuito da sua órbita.
6.     – É preciso que o poeta se enriqueça com ardor, esforço e liberdade, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.
7.     – Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um carácter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças ignotas para reduzi-las a prostrar-se diante do homem.
8.     – Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que razão nos havemos de acautelar, se queremos arrombar as misteriosas portas do impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Vivemos agora no absoluto, pois criámos a velocidade omnipresente.
9.     – Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos libertários, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo pela mulher.
10.   – Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todas as espécies, e combater o moralismo, o feminismo e todas as baixezas oportunistas ou utilitárias.
11.   – Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela rebelião; cantaremos as marés multicores ou polifónicas das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor nocturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas eléctricas: as estações glutonas, devoradoras de serpentes que deitam fumo, as fábricas penduradas nas nuvens pelos fios retorcidos dos seus fumos, as pontes semelhantes a ginastas gigantes que galgam os rios, balouçando ao sol com um brilho de facas; os aventureiros navios que farejam o horizonte, as locomotivas de peito amplo que atropelam os carris, como enormes cavalos de aço com freios de tubos e o voo deslizante dos aeroplanos, cuja hélice rasga o vento como uma bandeira e parecem aplaudir como uma multidão entusiasta.

Planos para as questões B de Exame - Ricardo Reis


Ricardo Reis - o Clássico

1. – Ricardo Reis heterónimo de Fernando Pessoa:
1.1. – Clássico no estilo;
1.2. – Estoicismo, epicurismo e neopaganismo;
1.3. – Intelectualização da realidade;
2. – Estoicismo e Epicurismo
2.1. – Serenidade livre de afetos;
2.2. – Defesa do Carpe Diem;
2.3. – Recusa aos impulsos dos instintos;
2.4. – Ataraxia;
2.5. – Crença no destino;
3. – Neopaganismo;
3.1.    – Crença nos deuses e presenças quase-divinas;
4.      – Poeta intelectual;
          4.1 – Aceitação do Fatum.


Não esquecer de inserir citações!

Planos para as questões B de Exame - Nostalgia de um bem perdido


O tempo como factor de desagregação/Nostalgia de um bem perdido (infância)
 
1.     – Tempo como factor de desagregação:
1.1.   – Brevidade da vida;
1.2.   – Infância como idade do ouro,
2.     – Infância como um bem perdido;
2.1.   Sentimento de nostalgia;
2.2.   - «O passado é tudo aquilo que não consegui ser»
2.3.   – O passado como «a realidade de nada» vs o futuro «como possibilidade de tudo»;
2.3.1. - «Sinto mais longe o passado/Sinto a saudade mais perto» - saudades do futuro;
2.3.2. – Desencanto e angústia:
2.3.2.1.«Se quem fui é enigma/e quem serei visão/Quem sou ao menos sinta/Isto no meu coração»
2.3.2.1.1.– Recusa em relembrar o passado e prever o futuro;
3.     – Inquietação e desilusão do presente;
3.1.   – Nostalgia da infância – único momento de felicidade.

Planos para as questões B de Exame - Sonho/Realidade


1.     – Dialética sonho/realidade:
1.1.   – Impossibilidade de materialização do sonho e alcance do mundo inteligível:
1.1.1. – Angústia, tédio e frustração de viver;
2.     – Sonho:
2.1.   Evasão, esquecimento, refúgio vs realidade «é só terra e céu»,
2.2.   - «Só de [sonhado] se desvirtua»
2.2.1. – Materialização falhada;
2.2.1.1.– Desilusão;
2.3.   - «É em nós que é tudo» - viagem interior;
2.3.1. – Possibilidade de atingir o mundo inteligível através do auto-conhecimento;
3.     – Tormento do desejo de atingir o materialmente inalcançável

Planos para as questões B de Exame - Fingimento poético


1.     – Teorização da criação poética:
1.1.   - Fingimento artístico – dialéctica sinceridade/fingimento; sentir/pensar;
1.2.   - «O poeta é um fingidor».
2.     – Sinceridade poética em oposição à convencional:
2.1.   - «Eu simplesmente sinto com a imaginação/Não uso o coração»;
2.2.   - Três tipos de dor – dor sentida, dor fingida/intelectualizada e dor lida:
2.3.   - «Finge tão completamente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente»;
2.3.1. – Recordação da dor sentida – Racionalização (dor fingida/intelectualizada) – Dor escrita/lida;
2.4.   – Emoção própria do leitor:
2.4.1. - «Sentir? Sinta quem lê!».
3.     – Cerebralização das emoções como possibilidade de alcançar o auto-conhecimento:
3.1.   – Distanciamento do real – desejo de atingir o mundo inteligível:
3.1.1. - «Essa coisa é que é linda».
4.     – Poema como produto da escrita das emoções intelectualizadas do poeta.