quarta-feira, 28 de março de 2012

Paralelismo histórico

Felizmente Há Luar

Paralelismos
Contexto histórico da ação
Século XIX - 1817
Contexto histórico da obra
Século XX - 1961
Regime político
Monarquia absoluta
Ditadura de índole fascista

Conceito de sociedade ideal



















D.Miguel e o principal Sousa têm um conceito de sociedade “ideal” muito semelhante. Uma sociedade estratificada, onde cada um tenha a noção exata da sua condição e saiba manter o distanciamento devido. Uma sociedade em que os trabalhadores contribuam prazenteiramente com o seu esforço para a prosperidade do país, sempre numa atitude de resignação cristã. Uma sociedade sem opiniões políticas que aceite, sem contestação, o poder do Rei. Uma sociedade, enfim, que se mantenha passiva e alheia a novas ideologias, a novas maneiras de estar na vida e feliz na sua ignorância.
Para Salazar, chefe do governo durante cerca de 40 anos, a sociedade ideal era aquela em que cada cidadão vivesse feliz e tranquilamente integrado no seu pequeno mundo – família, paróquia, terra. Uma sociedade conservadora, em que os valores tradicionais fossem respeitados e tivesse como divisa “Deus, Pátria, Família”. Uma sociedade fechada sobre si mesma, alheia às perniciosas influências do estrangeiro, defensora de estabilidade e hostil à mudança, que confiasse, sem dúvidas ou contestações, nos seus governantes. Enfim, um país – aldeia, pobre, mas sereno.



Formas de persuasão ou de mentalização
Manter o povo na ignorância e estimular o ódio pelo “estrangeiro”, para preservar valores tradicionais e conservadores. Estimular, com o apoio da igreja, o ódio aos inimigos de Cristo, ou seja, todos os que contestassem o poder instituído.
Manter o povo na ignorância e desinteressado dos assuntos políticos. Estimular a confiança no governo e no regime através da propaganda política ou de instituições como a Mocidade Portuguesa. Estimular, nomeadamente com o apoio da igreja, a defesa dos “bons costumes”, evidenciando os aspectos negativos de hábitos inovadores vindos do estrangeiro.

Métodos de repressão
Instalação de um clima de medo às forças militares e militarizadas. Proibição de ajuntamentos, para se evitar trocas de opiniões, conversas que pudessem despertar a consciência cívica ou a divulgação de ideais revolucionárias. Instalação de um ambiente de terror com condenações à morte por motivos políticos, aparentemente sentenciados por julgamentos secretos e sumários.
Censura prévia de todas as publicações e manifestações artísticas nacionais ou estrangeiras – jornais, revistas, livros, representações teatrais, etc. Represálias ou mesmo pena de prisão para quem não acatasse as proibições feitas pela censura. Exílio forçado ou proibição de entrada de estrangeiros considerados “subversivos”. Vigilância feita pela polícia política, ou seus informadores, sobre qualquer pessoa, ou grupo, suspeitos de oposição ao regime. Prisão, por tempo indeterminado, de quem fosse suspeito de atividades contra o regime. Obtenção/procura de informações e confissões sob tortura física ou psicológica. Prisão no campo de concentração do Tarrafal (Cabo Verde) onde as condições precárias condenaram à morte ou invalidez muitos detidos.  

Causas de descontentamento social
Invasões francesas e consequente ruína agrícola, comercial e industrial provocada por quatro anos de guerra. Ausência do Rei no Brasil e incapacidade dos regentes de tomar medidas para superar a crise económica. Descontentamento dos militares portugueses em situação de subalternidade aos oficiais ingleses. A reorganização das forças armadas em Portugal fora entregue a Beresford, que, como chefe militar com plenos poderes, integrava também a regência do país. Clima de opressão e repressão às ideologias progressistas.
Clima de opressão e repressão às ideologias progressistas. Falta de liberdade de expressão e de possibilidade de escolha por eleições livres e fiáveis. Obrigatoriedade de participação na guerra colonial, sem que se vislumbrasse, apesar das pressões internacionais, qualquer abertura para a resolução pacífica do conflito.


Representatividade das personagens
D. Miguel Forjaz – estadista totalitário; não admite que as suas decisões sejam criticadas ou sequer discutíveis e é implacável nos métodos repressivos a adoptar; leva Portugal ao isolamento do resto da Europa; político de “gabinete”. 
António de Oliveira Salazar – estadista fundador do Estado Novo; ditador, tenta moldar a sociedade ao seu conceito de sociedade ideal; político de gabinete; impõe o regime e não hesita em utilizar métodos repressivos fortes para neutralizar as vozes divergentes;; mantém inalteráveis os seus princípios; isola Portugal do resto da Europa 
Principal Sousa – cardeal, representante do poder religioso, dá apoio às medidas repressivas de D. Miguel
Cardeal Cerejeira – partilha a mesma ideologia de Salazar, orientando o país religiosamente; apoia o regime 
General Gomes Freire d’Andrade – viveu fora de Portugal e idealizou a construção de um país mais europeu
General Humberto Delgado – viveu no estrangeiro o que o fez evoluir ideologicamente. Ousou desafiar o Estado Novo candidatando-se à presidência da república. Obrigado a exilar-se não abdicou da luta pela democracia em Portugal.
Matilde
Mulheres dos prisioneiros políticos; católicos progressistas
Frei Diogo
Representa alguns membros da igreja progressista e democrata, que se opuseram à política salazarista, nomeadamente o bispo do Porto, D.António Ferreira Gomes, forçado ao exílio
Morais Sarmento, Andrade Corvo, Vicente
Representam os denunciantes, informadores da polícia política. Provenientes de diferentes estratos sociais partilham o objecto comum de conseguir benefícios pessoais pela denúncia
Manuel, Rita, Antigo Soldado, outros populares
Representam o povo, as principais vítimas da injustiça social e política, mas impotentes para lutar pelos seus direitos ou por uma causa. Impotência de índole diferenciada – miséria, medo, ignorância, falta de consciência política
Sousa Falcão
Representa também o núcleo do descontentamento passivo, que se acomoda ou resigna por falta de coragem para enfrentar a repressão.

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