terça-feira, 13 de março de 2012

Estrutura tripartida - Mensagem


Estrutura Interna
Significado da estrutura tripartida da obra Mensagem
Nos dois primeiros poemas de «Brasão» encontramos a referência simbólica à fundação de uma determinada identidade.

Na segunda parte de «Brasão» destacam-se: Ulisses, o fundador mítico de Lisboa; Viriato, o fundador da Lusitânia; o conde D.Henrique, que deu origem ao Condado Portucalense; D.Tareja, que inicia a dinastia de Borgonha; D.Afonso Henriques, o primeiro rei português, o fundador de um reino e aquele que deu origem a uma dinastia; D.Dinis, o fundador de uma cultura; D.João I, que originou a dinastia de Avis; D.Filipa de Lencastre, igualmente fundadora da dinastia de Avis.

Na terceira parte de «Brasão», “As Quinas”, encontramos personagens históricas que apresentaram um destino comum: a luta pela nação e a condição de mártires. O seu martírio associa-se ao sofrimento de Cristo, porque lutaram em seu nome, pelo que as cinco quinas apontam para as cinco chagas de Cristo.

No quarto bloco encontramos o poder aliado não a um rei, mas a uma figura histórica (Nuno Álvares Pereira) que, pela sua ação, se tornou o símbolo da nacionalidade.

No quinto e último bloco «O Timbre» verificamos que o grifo representa o faseamento da ação dos Descobrimentos: a cabeça do grifo é o Infante D.Henrique, que sonha a vontade divina; a asa do grifo é D.João II, que leva à prática o sonho de D.Henrique, através das disposições que, para tal, profere; a outra asa de grifo, Afonso de Albuquerque, o paradigma da ação prática, aquele que realiza aquilo que D.Henrique sonhou e que D.João II permitiu.


Na segunda parte, «Mar Português», encontramos um espaço e figuras relacionadas com os Descobrimentos portugueses e o seu caráter heróico. As referências simbólicas apontam para a conquista não só de um império, mas também de um outro Conhecimento e de uma progressão na escala ontológica. É a grandeza do sonho convertido em ação que o poeta clama, unificando o ato humano e o Destino traçado por Deus.

Na terceira parte, «O Encoberto», encontramos a constatação de um tempo e de um espaço perdidos, envoltos nas brumas da memória, e o sofrimento do “eu” poético por ver dormir o seu povo, perdidos a sua identidade e os seus referentes. Aqui é explicitado o significado do Quinto Império, deixando antever esse tempo de prosperidade espiritual, numa estrutura tripartida: “Os Símbolos”, que corresponde à própria linguagem da existência; “Os Avisos”, em que são referidas profecias; “Os Tempos”, que se inicia com o poema “Noite” e termina com “Nevoeiro”, depois do poema “Antemanhã”, ou seja à noite sucede a manhã, ao caos segue-se a ordem, ao nada sucede a Obra.

D.Sebastião representa para o povo português a sua hipótese de salvação e de regeneração (não se trata do seu regresso físico, mas sim que a partir do mito se transforme a realidade). Pessoa associava D.Sebastião, enquanto Messias redentor, a Cristo, pela sua feição salvífica, pela sua dádiva e criação de um império baseado no amor.
Pessoa acreditava no destino messiânico de Portugal e acreditava que o saudosismo que impregnava o coração dos portugueses poderia ser a motivação para a tentativa de restabelecimento de uma imagem que morrera com o passado.

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