terça-feira, 13 de março de 2012

Os números e sua simbologia


Os poemas na Mensagem agrupam-se em blocos restritos a que correspondem os números: 2, 7, 5, 1, 3 e 12.
             
          Número 1 – simboliza o Ser, a revelação, a ideia harmónica entre o consciente e o inconsciente, realizando a união dos contrários, pelo que se liga à Perfeição. Os pólos opostos unem-se numa totalidade que os concilia e da qual resulta uma energia que dá ao humano a comunhão com o transcendente. - “Nuno Álvares Pereira”, o único poema que Pessoa inseriu sob o título “A Coroa”, representa, assim, a unidade, o centro onde coexistem as forças antitéticas, de uma forma harmónica, o que lhe confere, pela realização da união dos contrários, uma dimensão sobre-humana.


          Número 2 – símbolo da divisão, pressupõe a dualidade, seja ela de expressão de contrários ou de complementaridade. Resume o paradoxo da existência: a vida e a morte. - Nesta obra prende-se com os princípios antagónicos passivo e ativo. Os dois poemas que se inserem em “Os Campos”, “O dos Castelos” e “O das Quinas” apontam neste sentido. No primeiro, Portugal aparece como um campo pronto a ser fecundado, e no segundo, Cristo, símbolo de sofrimento e de tormenta, é o exemplo das provações a passar, para se chegar ao princípio ativo.

Número 3 – união entre Deus, o Universo e o Homem, representando, assim, a totalidade. Associa-se a Cristo, cuja figura concentra três vertentes: a de rei, a de padre e a de profeta. - Nesta obra corresponde ao conjunto de poemas intitulado «Timbre»: “A Cabeça do Grifo/O Infante D. Henrique”; “Uma Asa do Grifo/D. João II” e “A Outra Asa do Grifo/Afonso de Albuquerque” – estas personagens cumprem o arquétipo do rei e do padre, pelo seu poder e pela sua espiritualidade. Ao conjunto de poemas intitulado «Os Avisos»: “O Bandarra”, “António Vieira” e “Terceiro”, que cumprem a função profética do anúncio do Quinto Império (em “Terceiro” fala o próprio poeta). Estas personagens aliam, assim como Cristo, as vertentes humana e divina. O número 3 sugere ainda as fases da existência: nascimento, crescimento e morte, o que se liga ao ciclo da vida representado nas três partes em que se divide a obra: Brasão (primeira parte) conotado com o nascimento da Nação, Mar Português (segunda parte) que evidencia o seu crescimento e o seu momento áureo histórico e O Encoberto (terceira parte) que preconiza a morte, à qual se seguirá o Renascimento.

 Número 5 – Ordem, Equilíbrio e Harmonia. Significa também a Perfeição. - Aparece em três conjuntos de poemas: «As Quinas», «Os Símbolos» e «Os Tempos». «As Quinas» simbolizam as cinco chagas de Cristo, ou seja, o seu sofrimento para a salvação da Humanidade, sendo, assim, engrandecidas, pelo seu conteúdo mítico, as figuras de D.Duarte, D.Pedro, D.João e D.Sebastião. «Os Símbolos» incluem cinco poemas em que os valores simbólicos unificantes, nesta obra, assumem maior relevo. «Os Tempos» anuncia o “terminus” de um tempo e incita ao início de outro, que instaurará a Ordem, a partir do Caos, que é o momento presente. Esse outro tempo será um tempo de harmonia, em que o Homem conhecerá a sua dimensão divina., num reino espiritual.

Número 7 – período temporal unificante, a semana que tem sete dias. Totalidade de energias, após a completude de um ciclo. - «Os Castelos» são compostos por sete poemas, cujos títulos são de personagens históricas (à exceção de Ulisses, figura lendária, fundador de Lisboa). Renovação de um ciclo que se inicia com os filhos de D.Filipa de Lencastre e termina com D.Sebastião (na Maçonaria os estádios espirituais pelos quais o neófito tem que passar são sete). Número mágico, associado ao Poder e ao ato da Criação. O sétimo dia, em que Deus descansou, após ter criado o mundo, aponta para a relação estreita entre Deus e o Homem. Esta indissociação entre o humano e o divino é explicitada pelos nomes que constituem o conjunto de poemas intitulado «As Quinas», conferindo-lhe uma sequência simbólica. 

            Número 12 – unidade, um ano tem doze meses. Número da cidade santa, situada no Céu, a Jerusálem Celeste, que terá doze portas e na qual terão lugar os doze apóstolos (simbologia também da Távola Redonda do Rei Artur). Os doze apóstolos significam a eleição de um novo povo e preconizam outra forma de estar no Universo, baseada na fidelidade a Cristo. Símbolo da mutações das mutações operadas no interior do ser humano e da perpétua evolução do Universo. O número doze marca o final de um ciclo involutivo, ao qual se sucede a morte, que dá lugar ao renascimento. - A segunda parte da obra («Mar Português») é composta por doze poemas. Ela encerra as referências míticas ao período áureo da História Nacional (que fecha um ciclo) ao qual se seguiram quatro séculos de trevas. Estas trevas estão presentes na última parte («O Encoberto») e é aí que se faz o apelo ao Renascimento.

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