quarta-feira, 28 de março de 2012

Simbologia do episódio do Velho do Restelo


 

Velho do Restelo

Camões serve-se deste episódio para apresentar a opinião de todos os que se revelavam contra a expansão marítima portuguesa. Assim, faz a condenação da ambição de todos os que pela «vã cobiça» ambicionavam chegar ao outro continente pela «glória de mandar» e desejo de «fama», apresentando uma alternativa menos nefasta – expansão no norte de África – sendo uma espécie de mal menor, dado que o homem é caracterizado por uma «mísera sorte» e «estranha condição» de ser incorrigivelmente insatisfeito.

                  Esta personagem adquire várias funções. Por um lado representa uma personagem coletiva e simbólica, na medida em que apresenta a corrente desfavorável à expansão para o Oriente, sendo mais tolerante relativamente à guerra no norte de África traduzindo, genericamente, o medo do desconhecido e a hesitação perante a novidade, assumindo-se como símbolo da resistência social à aventura e novidade, representando o conservadorismo e a resistência à mudança, fazendo lembrar o coro trágico, pelas suas reflexões sentenciosas sobre a condição humana, por outro lado, surge-nos como uma personagem alegórica, já que representa a voz do bom senso, da fria razão, da prudência e da consciência do perigo, achando que estas expedições trariam o despovoamento e a ruína do reino e ainda a desagregação familiar «Dura inquietação d’alma e da vida/Fonte de desemparos e adultérios/Sagaz consumidora conhecida/De fazendas, de reinos e de impérios». 

Sem comentários:

Enviar um comentário