Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto
Editora – p. 298
1.
Baltasar
interroga-se sobre a personalidade do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão por
verificar que as suas relações sociais se estabelecem com membros reais, mas
igualmente com conde- nados pelo Santo Ofício, como a mãe de Blimunda.
2.
Face
à revelação do padre Bartolomeu, Sete-Sóis mostra-se “duvidoso” (l. 29)
e incrédulo, afirmando mesmo que “só os pássaros voam, e os anjos, e os
homens quando sonham” (ll. 30-31) e não crendo “que alguém possa voar
sem lhe terem nascido asas” (l. 44).
3.
O
padre Bartolomeu estranha a descrença de Baltasar nas suas experiências
aerostáticas, uma vez que as mesmas tiveram larga repercussão (essencial- mente
negativa) na capital. O seu desconhecimento só é justificável pela sua ausência
da cidade nos anos anteriores, o que motiva a questão que lhe coloca.
4.
Bartolomeu
Lourenço de Gusmão é um homem socialmente bem integrado, que se relaciona na
corte (“talvez eu possa dizer uma palavra a sua majestade, que me distingue
com a sua estima e proteção”, ll. 5-6), mas igual- mente junto dos membros
do povo (“conhecia a mãe de Blimunda, que foi condenada pela Inquisição”,
l. 7). Mostra-se culto (ll. 17-25) e cientificamente dotado, conforme o
comprovam as suas experiências de máquinas voadoras, primeiras versões do
engenho com que sonha e que lhe permitirá voar.
5.
O
discurso direto, ao reproduzir as falas das personagens, contribui para
introduzir o registo oral na narrativa, assim lhe conferindo um ritmo mais vivo
e mais autêntico e dotando-a do efeito de real. Por outro lado, ao colocar na
própria voz de Bartolomeu de Gusmão a apresentação dos seus “experimentos” (l.
39), imprime maior credibilidade aos factos.
6.
O
narrador do excerto é heterodiegético, contando os acontecimentos vivi- dos
pelas personagens e servindo-se, nesse relato, da terceira pessoa (“Bartolomeu
Lourenço não respondeu, apenas o olhou a direito, e assim ficaram para- dos, o
padre um pouco mais baixo e parecendo mais novo, mas não, têm ambos a mesma
idade”, ll. 9-12). Quanto à ciência, trata-se de um narrador omnisciente,
que conhece o decurso dos acontecimentos, assim como o interior das personagens
(“que padre é este padre, palavras estas últimas que Sete- -Sóis não terá
dito em voz alta, só inquieto as pensou”, ll. 7-9).
7.a.3;b.4;c.5;d.1;e.2.
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