sábado, 21 de fevereiro de 2015

Fernando Pessoa - Mensagem – Quinto Império e o mito Sebastianista


            Fernando Pessoa, na Mensagem, anuncia um novo império civilizacional - o Quinto Império. Portugal, por ser a «cabeça da Europa», adquire uma grande carga simbólica e mágica, sendo princípio e fim, «onde a terra acaba e o mar começa», existindo uma predestinação nacional para a concretização deste Império.
            Na época dos Descobrimentos, Portugal foi o império dos mares, agora o Quinto Império português será a «conquista das almas», assim, após a localização de Portugal na Europa como «O rosto com que fita é Portugal», Fernando Pessoa assume a grandiosidade e valor simbólico do país na civilização ocidental, revelando, posteriormente, a concepção messiânica da História e a missão que nos foi imposta por Deus, «Deus quer, o homem sonha, a obra nasce».
A esperança do Quinto Império associa-se à ideia tripartida da obra, traduzindo a evolução mítica da história do país, desde a origem («Brasão»), à fase adulta («Mar Português») até à morte («O Encoberto»). Em «O Encoberto» é patente o sentimento de sofrimento e mágoa, «Falta cumprir-se Portugal», assim torna-se necessária uma regeneração do país capaz de provocar o nascimento do império espiritual, moral e civilizacional, caracterizador do Quinto Império. O regresso messiânico (sebastianismo) que permite o advento do Quinto Império surgirá após a tempestade atual, quando a calma voltar e permitir que a luz ilumine o caminho, por isso «Ó Portugal, hoje és nevoeiro.../É a hora!»
«E outra vez conquistemos a Distância-/Do mar ou outra, mas que seja nossa», é a crença de Pessoa na concretização do Quinto Império, um Império espiritual que será atingível apenas por aqueles que acreditem no espírito sebastianista, que «tomem [a loucura] /Com o que nela ia» e que passando «além da dor» consigam ascender a um estado superior de lusitanidade e universalidade, para que estão predestinados.

            Valete Fratres, expressão que põe fim à obra, traduz uma saudação e um apelo à luta por um Portugal Novo, para traçar novos rumos, tomar a iniciativa e cumprir a missão que nos foi confiada. 

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