Mensagem, obra
pessoana épico-lírica de grande valor mítico-simbólico, apresenta uma estrutura
tripartida que assenta no mito sebastianista e na concretização do Quinto
Império.
As
imagens simbólicas percorrem toda a obra retratando o «sonho português» do
Quinto Império, começando logo pela estrutura tripartida que aponta para o
ciclo da vida: nascimento, maturidade e morte como ressurreição, estabelecendo
o trajecto de vida da pátria.
Também
as subpartes de Mensagem adquirem uma simbologia específica, assim, em
«Brasão» existem «os Campos» como símbolo de espaço de vida e da consolidação
do reino; «Os Castelos» como representação de protecção e das conquistas dos
heróis, sendo que os oito poemas que a compõem referem-se aos heróis históricos
e mítico-lendários associados à fundação e identidade de Portugal; «As Quinas»,
que ilustram cinco personagens lutadoras e mártires da história da pátria,
relacionadas com as cinco quinas da bandeira nacional e as cinco chagas de
Cristo que ilustram a dimensão espiritual do país, traduzindo a consciência do destino
pátrio; «A Coroa» que simboliza a realeza; e «O Timbre» que sendo uma marca
pessoal, transforma-se num sinal de poder legítimo. «O Encoberto» possui uma
divisão em três partes que se revela igualmente simbólica. «Os Símbolos»,
primeira subdivisão, anuncia a importância na crença do sebastianismo, como
ideal espiritual a seguir; «Os Avisos», segunda subdivisão, representa as três
vozes, Bandarra, Padre António Vieira e Pessoa, que profetizaram o Quinto
Império para Portugal; e finalmente «Os Tempos» procura concretizar a
predestinação já assumida de que «É a Hora» de Portugal cumprir a sua missão
espiritual com o mundo.
A
par dos dois aspectos acima citados, importa referir a simbologia que os números
assumem em toda a obra, que está escrupulosamente construída, a fim de
transmitir mensagens subliminares através do predomínio de determinados
números, quer na divisão dos poemas pelas diversas subpartes, quer pela
estrutura externa dos próprios poemas. Deste modo, é de salientar que os
números um (unidade), dois (dualidade), três (santíssima da Trindade, Deus é um
só Ser em três pessoas), cinco (as cinco chagas de Cristo), sete (período
temporal unificante, associado ao Poder e ao acto da Criação) e doze (unidade,
número da cidade santa, situada no Céu, a Jerusalém Celeste, que terá doze
portas e na qual terão lugar os doze apóstolos, também relacionado com a Távola
Redonda do Rei Artur), adquirem valor de símbolo, criando simbologias com os
assuntos a que estão interligados.
Finalmente,
os próprios conceitos, que surgem nos diversos poemas, como o «mar», a «manhã»
ou o «nevoeiro» assumem um carácter simbólico, que remete para a principal
linha de força de toda a obra: Portugal como país predestinado à concretização
do Quinto Império.
Concluindo, os símbolos e
simbologia existentes em Mensagem concorrem sobretudo para transmitir a
ideia da predestinação dos portugueses para a concretização do Quinto Império e
para a crença sebastianista.
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