Fernando
Pessoa, na Mensagem, anuncia um novo
império civilizacional - o Quinto Império. Portugal, por ser a «cabeça da
Europa», adquire uma grande carga
simbólica e mágica, sendo princípio e fim, «onde a terra acaba e o mar começa», existindo uma predestinação nacional para a
concretização deste Império.
Na
época dos Descobrimentos, Portugal foi o império dos mares, agora o Quinto
Império português será a «conquista das
almas», assim, após a localização de Portugal na Europa como «O rosto com
que fita é Portugal», Fernando Pessoa assume a grandiosidade e valor simbólico
do país na civilização ocidental, revelando, posteriormente, a concepção
messiânica da História e a missão que
nos foi imposta por Deus, «Deus quer, o homem sonha, a obra nasce».
A esperança
do Quinto Império associa-se à ideia tripartida da obra, traduzindo a
evolução mítica da história do país, desde a origem («Brasão»), à fase adulta
(«Mar Português») até à morte («O Encoberto»). Em «O Encoberto» é patente o
sentimento de sofrimento e mágoa, «Falta cumprir-se Portugal», assim torna-se necessária uma regeneração do país
capaz de provocar o nascimento do império espiritual, moral e civilizacional,
caracterizador do Quinto Império. O regresso messiânico (sebastianismo) que
permite o advento do Quinto Império surgirá após a tempestade atual, quando a
calma voltar e permitir que a luz ilumine o caminho, por isso «Ó Portugal, hoje
és nevoeiro.../É a hora!»
«E outra
vez conquistemos a Distância-/Do mar ou outra, mas que seja nossa», é a
crença de Pessoa na concretização do Quinto Império, um Império espiritual que
será atingível apenas por aqueles que acreditem no espírito sebastianista, que
«tomem [a loucura] /Com o que nela ia» e que passando «além da dor» consigam ascender a um estado superior de
lusitanidade e universalidade, para que estão predestinados.
Valete Fratres, expressão que
põe fim à obra, traduz uma saudação e um
apelo à luta por um Portugal Novo, para traçar novos rumos, tomar a
iniciativa e cumprir a missão que nos foi confiada.
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