Sousa
Falcão é um homem de ideais, fiel aos seus valores, e grande amigo do general
Gomes Freire e de sua mulher, Matilde.
Vive atormentado pela dura realidade imposta pela condenação
de Gomes Freire à pena da morte, realidade que devia ser destinada, igualmente,
a si. Assume uma atitude derrotista perante a convicção do General, por isso
veste-se de “negro”, dizendo estar de luto por ele mesmo (“Ele ainda está vivo, António. Não devia ter vindo de luto. (…) Não
estou de luto por ele, Matilde (…)”). Sousa Falcão vê, nos seus valores, os
de um homem justo, muito semelhantes aos do seu grande amigo Gomes Freire,
todavia, ao contrário deste ele não está condenado à forca, por isso considera
que “Quando os justos estão presos, só os
injustos podem ficar fora das cadeias”, ou seja, neste momento, ele é um
homem “injusto”. Sente-se revoltado e indignado por não partilhar o destino
traçado a Gomes Freire (“Fosse eu digno
da ideia que de mim mesmo tinha, e estava lá em baixo, em S.Julião da Barra, ao
lado de Gomes Freire, esperando a morte… (…) As ideias de Gomes Freire são
também as minhas, mas ele vai ser enforcado - e eu não.”). Queixa-se de ser
um indivíduo com aparente falta de coragem, e é sempre o homem que fica em
segundo plano, na segunda linha (“Faltou-me
sempre coragem para estar na primeira linha…”). Rege a sua vida de acordo
com os mesmos ideias do General, mas opta por não o demonstrar publicamente,
considera-se um cobarde (“(…) dei comigo
à beira de lhe chamar louco, para desculpar a minha própria cobardia”),
utilizando esta característica para justificar a sua falta de iniciativa.
Sousa Falcão é, portanto, um idealista convicto dos seus
ideias, mas que, nos momentos mais marcantes, opta por se situar num segundo
plano, mais seguro, contudo menos digno face à luta pelos valores da liberdade,
igualdade e fraternidade.
André Cid, 12º1C
(2011-12)
António de Sousa Falcão é o
“inseparável amigo” do General Gomes Freire D’Andrade na obra Felizmente Há
Luar!, sendo para além de Matilde, o único que o apoia incondicionalmente.
Nesta
cena, Sousa Falcão apercebe-se de que devia estar ao lado de Gomes de Freire e
passar pelo que ele passou e pelo final inevitável que terá, pois apesar de
nenhum dos dois ter feito algo de mal, ambos partilharam as mesmas ideias e
desejo de mudança, e só Gomes Freire foi castigado por tal.
Pelas
palavras de Sousa Falcão, percebemos que ele sente que é um fraco e que devia
ter tido coragem e enfrentar as consequências com que Gomes Freire está a
lidar, afirmando que nem merece ser seu amigo “Fosse eu digno da ideia que de
mim mesmo tinha, e estava lá em baixo, em S. Julião da Barra, ao lado de Gomes
Freire, esperando a morte…”, pois Sousa Falcão sente culpa por não ser punido tal
como Gomes Freire que está sozinho na masmorra, e ele está cá fora, são e
livre, apesar de conspirar e partilhar os mesmos ideais que o General, como foi
anteriormente referido, mas “Faltou-[lhe] sempre coragem para estar na primeira
linha…”, e é essa cobardia que caracteriza esta personagem que se arrepende de
não ter feito mais pelo seu fiel amigo.
Concluindo,
Sousa Falcão é um amigo fiel que espiritualmente é capaz de lutar por uma
causa, mas a sua cobardia acaba por vencer, impedindo-o de agir.
Inês Mendes, 12º5 (2011-12)