segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Os Lusíadas - Reflexões do poeta - síntese

Reflexões do Poeta
Canto I, est. 106
-               Fragilidade da vida humana rodeada de perigos quer no mar, “tanta tormenta”, quer em terra, “tanta guerra, tanto engano”;
-               interrogação retórica sobre a possibilidade de “um bicho tão pequeno” encontrar um porto de abrigo sem atentar contra a tirania.

"As despedidas em Belém" e "Mar Português"

Considera as estrofes d’Os Lusíadas.
– Refere as razões que estão na origem dos sentimentos dos que partem na viagem, fundamentando a tua resposta com elementos textuais.
- Ambiente de dor e de pessimismo (“Cheio dentro de dúvida e receio,/Que apenas nos meus olhos ponho o freio”) provocado pela:
o   antecipação dos perigos que aqueles que partem vão enfrentar – “Em tão longo caminho e duvidoso,/Por perdidos as gentes nos julgavam”;
o   noção do desconhecido e incerteza que aquela jornada implicaria - “Em tão longo caminho e duvidoso,/Por perdidos as gentes nos julgavam”;
o   consciência de que a morte era o destino provável – “A desesperação e frio medo/De já não nos tornar a ver tão cedo”.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Fernando Pessoa - Mensagem – Símbolos e Simbologia


Mensagem, obra pessoana épico-lírica de grande valor mítico-simbólico, apresenta uma estrutura tripartida que assenta no mito sebastianista e na concretização do Quinto Império.
As imagens simbólicas percorrem toda a obra retratando o «sonho português» do Quinto Império, começando logo pela estrutura tripartida que aponta para o ciclo da vida: nascimento, maturidade e morte como ressurreição, estabelecendo o trajecto de vida da pátria.
Também as subpartes de Mensagem adquirem uma simbologia específica, assim, em «Brasão» existem «os Campos» como símbolo de espaço de vida e da consolidação do reino; «Os Castelos» como representação de protecção e das conquistas dos heróis, sendo que os oito poemas que a compõem referem-se aos heróis históricos e mítico-lendários associados à fundação e identidade de Portugal; «As Quinas», que ilustram cinco personagens lutadoras e mártires da história da pátria, relacionadas com as cinco quinas da bandeira nacional e as cinco chagas de Cristo que ilustram a dimensão espiritual do país, traduzindo a consciência do destino pátrio; «A Coroa» que simboliza a realeza; e «O Timbre» que sendo uma marca pessoal, transforma-se num sinal de poder legítimo. «O Encoberto» possui uma divisão em três partes que se revela igualmente simbólica. «Os Símbolos», primeira subdivisão, anuncia a importância na crença do sebastianismo, como ideal espiritual a seguir; «Os Avisos», segunda subdivisão, representa as três vozes, Bandarra, Padre António Vieira e Pessoa, que profetizaram o Quinto Império para Portugal; e finalmente «Os Tempos» procura concretizar a predestinação já assumida de que «É a Hora» de Portugal cumprir a sua missão espiritual com o mundo.
A par dos dois aspectos acima citados, importa referir a simbologia que os números assumem em toda a obra, que está escrupulosamente construída, a fim de transmitir mensagens subliminares através do predomínio de determinados números, quer na divisão dos poemas pelas diversas subpartes, quer pela estrutura externa dos próprios poemas. Deste modo, é de salientar que os números um (unidade), dois (dualidade), três (santíssima da Trindade, Deus é um só Ser em três pessoas), cinco (as cinco chagas de Cristo), sete (período temporal unificante, associado ao Poder e ao acto da Criação) e doze (unidade, número da cidade santa, situada no Céu, a Jerusalém Celeste, que terá doze portas e na qual terão lugar os doze apóstolos, também relacionado com a Távola Redonda do Rei Artur), adquirem valor de símbolo, criando simbologias com os assuntos a que estão interligados.
Finalmente, os próprios conceitos, que surgem nos diversos poemas, como o «mar», a «manhã» ou o «nevoeiro» assumem um carácter simbólico, que remete para a principal linha de força de toda a obra: Portugal como país predestinado à concretização do Quinto Império.
                Concluindo, os símbolos e simbologia existentes em Mensagem concorrem sobretudo para transmitir a ideia da predestinação dos portugueses para a concretização do Quinto Império e para a crença sebastianista. 

Fernando Pessoa - Mensagem – Quinto Império e o mito Sebastianista


            Fernando Pessoa, na Mensagem, anuncia um novo império civilizacional - o Quinto Império. Portugal, por ser a «cabeça da Europa», adquire uma grande carga simbólica e mágica, sendo princípio e fim, «onde a terra acaba e o mar começa», existindo uma predestinação nacional para a concretização deste Império.
            Na época dos Descobrimentos, Portugal foi o império dos mares, agora o Quinto Império português será a «conquista das almas», assim, após a localização de Portugal na Europa como «O rosto com que fita é Portugal», Fernando Pessoa assume a grandiosidade e valor simbólico do país na civilização ocidental, revelando, posteriormente, a concepção messiânica da História e a missão que nos foi imposta por Deus, «Deus quer, o homem sonha, a obra nasce».
A esperança do Quinto Império associa-se à ideia tripartida da obra, traduzindo a evolução mítica da história do país, desde a origem («Brasão»), à fase adulta («Mar Português») até à morte («O Encoberto»). Em «O Encoberto» é patente o sentimento de sofrimento e mágoa, «Falta cumprir-se Portugal», assim torna-se necessária uma regeneração do país capaz de provocar o nascimento do império espiritual, moral e civilizacional, caracterizador do Quinto Império. O regresso messiânico (sebastianismo) que permite o advento do Quinto Império surgirá após a tempestade atual, quando a calma voltar e permitir que a luz ilumine o caminho, por isso «Ó Portugal, hoje és nevoeiro.../É a hora!»
«E outra vez conquistemos a Distância-/Do mar ou outra, mas que seja nossa», é a crença de Pessoa na concretização do Quinto Império, um Império espiritual que será atingível apenas por aqueles que acreditem no espírito sebastianista, que «tomem [a loucura] /Com o que nela ia» e que passando «além da dor» consigam ascender a um estado superior de lusitanidade e universalidade, para que estão predestinados.

            Valete Fratres, expressão que põe fim à obra, traduz uma saudação e um apelo à luta por um Portugal Novo, para traçar novos rumos, tomar a iniciativa e cumprir a missão que nos foi confiada. 

Fernando Pessoa - Mensagem – Estrutura tripartida e o seu carácter simbólico


            A estrutura formal e simbólica de Mensagem de Fernando Pessoa é importantíssima para a compreensão da obra, pois é a partir daí que se podem retirar conclusões que permitem a idealização da construção do Quinto Império português. 
            A Mensagem, como expressão poética dos mitos, faz a sintonia entre a vontade divina e o sonho humano que representam o desejo de chegar mais além, combatendo o medo, através da sua persistência no cumprimento desta missão. A simbologia da obra assenta imediatamente na divisão em três partes que simbolizam o ciclo da vida da «alma lusitana». Assim, a primeira parte, «Brasão», traduz o princípio da nacionalidade, fazendo referência aos fundadores e antepassados que contribuíram para a construção/edificação da pátria, como D. Henrique que ergueu a espada «e fez-se» o começo, simbolizando assim o nascimento de uma nação grandiosa responsável pelo Império marítimo. «Mar Português», segunda parte, espelha a realização dos portugueses através do mar construindo o grande destino da Nação, «Do mar e nós em ti nos deu sinal/Cumpriu-se o Mar». Simboliza, desta forma, a maturidade, a vida da pátria e a busca de um «futuro do passado» em que «Deus quer, o homem sonha, a obra nasce» em direção à concretização do Quinto Império. Finalmente em «O Encoberto», cognome de D. Sebastião, é referido o império moribundo, a morte ou o fim das energias latentes, anunciando-se a regeneração e instauração de um tempo novo, através do espírito messiânico sebastianista «É esse que regressarei»
            Mensagem faz a apologia do passado português grandioso e heroico, revestindo-o de um carácter místico, sendo tempo do cumprimento de uma missão determinada por Deus, onde se receberão «os beijos merecidos da verdade» e a glória portuguesa, o que levará os portugueses ao Quinto Império.